UM DIA DE CADA VEZ

O suicídio muitas vezes passa a ser considerado como uma possibilidade para quem se sente desesperado, desamparado, desesperançado e talvez em depressão. Segundo a Organização Pan-Americana de Saúde, é um processo de “morrência” no qual se vai definhando aos poucos, em extrema anedonia, geralmente marcada pela perda da fé em si e no outro. Como uma luz que, aos poucos, vai se apagando.
É importante que não se generalize o sentir. Cada um tem sua forma. “Quem nunca pensou na morte como possibilidade?”, questiona a psicóloga, em uma das suas palestras. Ela lembra que, muitas vezes, quando se chega ao fim do poço existencial, o que se quer é sair dele. “A pessoa vai definhando existencialmente, as coisas não fazem mais sentido, não se sente gosto, não se vê cor, tudo tanto faz”.
Se para os que se matam faltou sentido de vida, para os que ficam sobra torpor, choque, indignação, impotência, culpa e, para alguns, até agressão a princípio religiosos. Como explica Karina Fukumitsu, o silêncio emudece e, simultaneamente, provoca fala. “Quem mata quem quando o suicídio acontece? Parece um tsunami existencial. Não se vai para lugar algum porque a ferida está em carne viva”, completa ela, referindo-se ao sentimento dos enlutados.
Entender os próprios fragmentos e acreditar que a tempestade pode passar são possibilidades apontadas por ela. Não encontrar sentido para a vida, não quer dizer que ele não exista ou que nunca vá existir. No início, diz a psicóloga, pode se pensar que está sobrevivendo, mas depois pode se perceber como ser vivente. Legitimar a dor e ressignificá-la. Sentir o ar entrando, o suor escorrendo, o coração batendo, respirar e dizer: ótimo, estou vivo!
Leila
CVV Brasília
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